15/02 - Longe
de mim querer dar lições a quem quer que seja, mas fiquei estarrecido ao ler a
“reportagem” da Folha dizendo que um “caldeirão de movimentos pró-renovação política quer propor um debate com
o apresentador Luciano Huck nos próximos dias“.
Ninguém assume o tal convite, é impressionante: nem sequer o nome de alguém que assuma o tal convite que, diz o texto, que “circulava nesta quarta-feira (14) entre membros desses grupos da sociedade civil”. Aliás, convite sem data, sem hora e, mais importante, sem sequer ter sido levado ao “convidado”.
O encontro é para quê? Dar apoio a Huck? Não. Levar-lhe propostas? Não. Sugerir que ele se posicione sobre algum tema de governo? Também não. Vão tratar da “renovação” na política: “Vamos renovar? Vamoque vamo, né?” Pra quê? Ué, pra renovar, cara, não fica bonito?
O factóide é dolorosamente evidente para que um jornal possa embarcar nele: alguém, sem nome ou sobrenome, quer conversar com Huck não passa nem em jornal de bairro, por favor. O “apresentador diz que iria” é destas pérolas de coleção.
Enquanto isso, os R$ 20 milhões da Lei Rouanet, com nome, sobrenome e documentos oficiais, claro, não vêm ao caso. Não há irregularidade formal? Desculpe, mas também não havia no patrimônio da família Bolsonaro e o jornal o escancarou, pelo evidente motivo de que é notícia. O jatinho comprado com crédito do BNDES também cruzou as páginas da Folha em velocidade supersônica e cobriu, com sua esteira, o avião ainda maior de João Dória, comprado da mesma forma – e com “apenas” R$ 44 milhões! – que nem notinha virou.
Estranho que uma reunião não se sabe onde nem com quem ou quando seja usada para manter o noticiário positivo sobre Huck. É a não-notícia sobre coisa alguma.
Cartas para a redação. Ou para a ombudsman
Por Fernando Brito -15/02/2018
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