26/12 - Rodrigo
Maia (DEM-RJ) pode ter recebido dinheiro de empresas ordenado pela Odebrecht em
suas campanhas eleitorais. É o que apontam as investigações da Polícia Federal.
A prática é classificada como "caixa três" pelos investigadores.
No
caso, a Cervejaria Petrópolis, fabricante da Itaipava, é a principal parceira
da Odebrecht no esquema. Os fatos foram levantados nas delações dos donos e
executivos da empreiteira divulgadas em abril.
A
cervejaria teria doado cerca de R$ 120 milhões a diversos políticos nas eleições
de 2008, 2010, 2012 e 2014, conforme publicado pela Folha de São Paulo. A
Odebrecht teria usado duas empresas para os pagamentos. Neste nível das
investigações é realizada a busca dos beneficiários, não identificados nas
delações.
Maia
recebeu, segundo relatório da PF, uma doação de R$ 200 mil, pagos pela empresa
Praiamar Indústria Comércio e Distribuição, ligada à Cervejaria Petrópolis. Na
transação, o diretório nacional do DEM foi um intermediário, que repassou a
quantia ao presidente da Câmara. Em 2014 a Cervejaria Petrópolis doou um total
de R$ 6,1 milhões ao diretório nacional do DEM.
Conforme
explicado pela Folha de São Paulo, naquela época não havia possibilidade de
verificar a origem dos recursos que chegavam aos diretórios partidários.
Entretanto a PF afirma que é possível que as quantias tenham sido originadas
das empresas parceiras da Odebrecht.
O
pai do presidente a Câmara, o vereador do Rio Cesar Maia (DEM), também é
investigado no mesmo inquérito. Ele recebeu R$ 50 mil da Cervejaria Petrópolis,
via DEM em 2014. Naquele ano, ele disputou uma vaga no Senado e perdeu.
Esquema
Walter
Faria, dono da Cervejaria Petrópolis afirmou, em depoimento à PF em julho, que
a Odebrecht perguntou se ele poderia fazer doações eleitorais. Faria disse que
a empreiteira "não desejava figurar como a maior doadora para
políticos". Como o empresário também não queria ter seu nome envolvido,
acionou as distribuidoras Praiamar e a Leyroz.
Os
proprietários das distribuidoras recebiam o dinheiro em forma de 'gordura' nas
negociações dos preços das bebidas que eram distribuídas pela Praiamar e pela
Leyroz. A Petrópolis ganhava descontos da Odebrecht na construção das fábricas.
À
PF, Roberto Fontes Lopes, dono da Praiamar e da Leyroz, afirmou que quis fazer
doações de boa-fé, com o objetivo de obter reconhecimento, sem detalhar
pagamentos para Maia.
Em
três oportunidades a PF tentou tomar depoimento de Maia por este inquérito,
entretanto adiamento, remarcação e petição da defesa impediram que isso
acontecesse. Segundo a Folha de São Paulo, o presidente da Câmara já foi ouvido
pela PF, mas não quis comentar.
O
que diz Maia
Em
nota, Rodrigo Maia afirma que as doações recebidas em campanhas respeitaram a
legislação e estão registradas na Justiça Eleitoral. "Maia reitera que
confia na Justiça e está à disposição das autoridades, pois tem interesse que
tudo seja esclarecido com a maior brevidade possível", diz a nota.
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