"A
Câmara dos Deputados teve um dia para ser esquecido". A avaliação foi
repetida na terça (8) tanto por governistas como por oposicionistas durante
votação para a composição da Comissão Especial que discutirá a abertura ou o
arquivamento do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Com
o receio de sofrer uma derrota, que se confirmou ao final do dia, integrantes
da base aliada tentaram obstruir na força física a votação, o que gerou
empurra-empurra, troca de ofensas, cabeçadas e depredações no plenário da Casa.
A
tentativa de impedir o processo de escolha deveu-se à decisão do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de realizar uma eleição secreta. Com o receio
de que a iniciativa estimulasse traições na própria base aliada, o PC do B
recorreu ao Supremo Tribunal Federal para garantir que ela fosse aberta.
À
espera de uma decisão que interrompesse a sessão, deputados aliados a Dilma
permaneceram dentro das cabines de votação para impedir a entrada dos demais.
A
confusão teve início quando o deputado federal Paulinho da Força (SDD-SP)
tentou ingressar em um dos postos de votação e acabou impedido por Jorge Solla
(PT-BA). "Você é um banana e não é guarda da urna", disse Paulinho.
"Banana é você, banana é você", respondeu Solla.
As
brigas se estenderam para outras cabines de votação. Em uma delas, Laerte Bessa
(PR-DF) e Nilto Tatto (PT-SP) também trocaram acusações e foram separados pela
Polícia Legislativa.
"O
que vocês estão fazendo no Parlamento? Não tem verbo e querem chamar a atenção?
É no murro?", questionou Tatto.
Com
o clima de hostilidade generalizada, integrantes da base aliada chegaram a
quebrar duas urnas de votação e desinstalar três. Segundo Rodrigo Maia
(DEM-RJ), Afonso Florence (PT-BA) foi um dos responsáveis pela iniciativa. O
petista nega.
Com
a confusão, o áudio da TV Câmara chegou a ser retirado do ar. O presidente da
Casa afirmou que serão analisadas as imagens do imbróglio e afirmou que os
envolvidos poderão ser punidos.
"Aqui
não é uma briga de galo. É uma falta de respeito, de regras e de estética
parlamentar. Que saudades dos tempos de Ulysses Guimarães, quando havia o
debate", disse o líder do governo, José Guimarães (PT-CE),.
Com
o término da confusão, ao fim da eleição secreta, oposicionistas exibiram ao
menos três réplicas do boneco Pichuleko, sátira do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva vestido de presidiário e cantaram "ai, ai, ai... Tá chegando
a hora, o dia já vem raiando, meu bem, e a Dilma vai ir embora". Em
reação, a base aliada se uniu em um coro de "não vai ter golpe".
As
provocações não cessaram. Numa referência ao agente da Polícia Federal Newton
Ishii, que acompanha boa parte das prisões da Lava Jato, parlamentares
anti-Dilma gritavam: "olha o japa!".
Ao
fim da sessão, petistas exibiram uma faixa com o pedido de "Fora,
Cunha".
Irritado,
o presidente da Câmara reagiu, mandando cessar a manifestação.
Folha
São Paulo
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