Amanhã as forças progressistas, comandadas pelo movimento
sindical, darão provas se têm vontade política e capacidade de mobilização para
enfrentar a ascensão dos grupos reacionários.
Não se configura uma jornada puramente a favor do governo, a
bem da verdade. Afinal, um dos três eixos da convocação se confronta com a
política econômica, ao reivindicar a retirada das medidas provisórias do ajuste
fiscal.
Mas as outras duas bandeiras centrais – a defesa da
democracia e da Petrobrás – são claras contraposições à ofensiva conservadora
que busca deslegitimar e interromper o mandato da presidente Dilma Rousseff.
O fato é que o processo que terá início amanhã poderá abrir
nova etapa na vida política do país.
A disputa é pela praça pública e a voz das ruas.
Minoritárias no parlamento e atropeladas pelos monopólios de
comunicação, as correntes de esquerda têm na mobilização militante e popular
ferramenta decisiva para romper o cerco a que estão submetidas.
Desta vez, no entanto, há uma novidade: a direita está
disposta e preparada para lutar por cada palmo de asfalto. Não se vivia
situação desse tipo desde o período que antecedeu o golpe de 1964, quando as
marchas com Deus e a família pavimentaram o caminho dos tanques.
Deve-se reconhecer, aliás, que a reação burguesa encontra-se
em melhores e mais avançadas condições de combate que a esquerda.
Doze anos de estratégia predominantemente institucional e
conciliatória, com renúncia à batalha de ideias e ao protagonismo do povo
organizado, provocaram bizarrice histórica: os governos encabeçados pelo PT
ostentam o feito, ao menos desde certo ponto, de terem mobilizado seus
opositores e desmobilizado a própria base de apoio.
Por Breno Altman
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