9 de setembro de 2014

AO SITE VIA E- MAIL, CRÔNICA: "BRAZIL COM Z"

(07/09/2014 - 192 anos de independência política de Portugal)

Do Pau-Brasil dos índios às caravelas dos portugueses; de Pero Vaz de Caminha a Pedro Álvares Cabral; de dom Pedro I a dom Pedro II; de dom João V a dom João VI; da renúncia de Jânio, ao tango de Jango e ao tiro certeiro de Vargas; do Castelo Branco “Espacial” à Via Dutra do Juscelino; da abertura política, que abertura? À infecção generalizada do Tancredo; das sarnas do Sarney às aventuras colloridas do presidente. Mas que país é esse? É o país do futuro, meu filho, só do futuro. Maldito do Cabral e sua ilha descoberta Terra de Santa Cruz, e mais tarde, Terra de Vera Cruz. Depois veio: Império, Primeira República, Segunda República, Estado Novo, República Nova, República Federativa do Brasil e, finalmente, República Monárquica Anarquista do Brasil. A começar pelo primeiro presidente, que, por sinal, um civil. Foi ele: Prudente de Moraes, que depois dele, apareceram vários “Imprudentes Imorais”, com a nossa dívida aumentando a cada desgoverno. Mas que país é esse? É o país do futuro, meu filho, só do futuro. É o gigante adormecido, que não há despertador que o acorde. É a República Monárquica Anarquista do Brasil. Sim, porque os presidentes são monarcas não coroados, que governam, mas não governam. Fé em Deus (que ainda é brasileiro) e pé na tábua (de salvação). É o país dos apolíticos improdutivos, a começar pelo presidente, governadores e prefeitos, ministros e senadores, deputados e vereadores. Vota povão, enquanto o voto ainda é secreto e obrigação.  Mas que país é esse? É o país do futuro, meu filho, só do futuro. É o gigante pela própria natureza, só. Com sua economia ditatorial: do Vintém da escravidão ao Cruzeiro da monarquia; do Cruzado do Plano Cruzeiro ao Cruzado Novo do Cruzado Velho; da volta do Cruzeiro no Brasil Novo à Nova República da República Velha, passando pelo Delfim. Que saudades do Delfim. Éramos felizes e não sabíamos. E depois veio: do funesto Funaro ao bregeiro Bresser, da zelosa Zélia ao erístico Éris. É congelamento... É tablita... É pacote... É arrocho... É Plano Collor I... É Plano Collor II... É Plano Collor... Mas que país é esse? É o país do futuro, meu filho, só do futuro. É um país do terceiro mundo com a nona economia mundial, é mole? Mas com uma renda per capita menor que a da Bolívia, pode? E o salário ó! E por falar em Bolívia, lembrei de boi. Das nossas carroças. Que carroças? Aquelas sem bois e sem canga. E os carros de boi, como ficam? Ficam com as cangas. Quanto aos bois, o presidente já disse: “comigo não”, então sobrou pro povão. Mas que país é esse? É o país do futuro, meu filho, só do futuro. É canga pra lá... É quenga pra cá... É canga pra todo lado. Quenga, canga, canga, quenga, e haja rambo, rabo, rombo, ombro, lombro... Escambicha, “brasileiros & brasileiras”. “Minha gente, com fé chegaremos lá...” Lá no fundo do poço. Afinal, pra descer todo santo ajuda principalmente o santo são Gravitacional. Além de outros, como são Tancredo, são Maluf, são Ulisses, são Brizola, são Quércia, são Sarney, são Collor, são Fleury, são Ciro, são Moreira, são Lula, santa Luíza, santa Erundina, etc.

Acredite e morra acreditando que Deus há de lhe salvar...

Acredite e morra acreditando que Deus...

Acredite e morra acreditando...

Acredite e morra...

Acredite e...

Acre...

Aaaaaaaaah...

P. P. P. – todo mundo quer ser.

Ferreirinha, São Paulo, 1º de abril (dia da mentira) de 1991.

Do livro: Crônicas Alegres & Algo Mais – autor: Ferreirinha.

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