Dias 10, 11 e 12 de julho de 2014 a Prefeitura
Municipal de Massapê com o apoio da Secretaria de Cultura, Juventude, Desporto
e Lazer, promoveu mais um “Chitão de Rua”, considerado o maior da nossa região.
No “Portal do Forró” o trio pé-de-serra com o bizarro nome de “Forró Chapéu de
Rola” maestrado pelo sanfoneiro Deca Juvêncio, dava as boas-vindas aos
brincantes, a partir da reprodução de uma “Sala de Reboco”, com piso de terra
batida, lampião a gás e um casal de noivos abençoado por Santo Antonio – o santo
casamenteiro, segundo a tradição religiosa. Na quinta-feira o prefeito Antonio
José fez a abertura oficial do histórico Chitão de Massapê, que completou 81
anos de tradição. O Festival de Quadrilhas foi um espetáculo à parte, dando um
brilho todo especial e encantando o público presente no “Terreiro da Fazenda”,
montado a partir de uma arena com arquibancadas laterais e palco. A principal
atração foi a maior banda de forró da atualidade - Aviões do Forró, que na
sexta-feira arrebatou uma multidão de forrozeiros sem precedentes em nossa
cidade. Registros dão conta de um público de cerca de vinte mil pessoas somente
naquela festiva noite. O evento, diga-se de passagem, transcorreu na mais
perfeita harmonia, sem graves incidentes. Massapê recebeu de braços abertos,
milhares de visitantes vindos das cidades circunvizinhas. Eram jovens de todas
as idades que, com o ar de graça, passaram pelo “Corredor do Forró”, esbanjando
beleza e simpatia. Aliás, o Corredor do Forró literalmente parecia uma
passarela com desfile de moda e muita mulher bonita. Mulheres altas e baixas;
mulheres loiras e morenas; mulheres magras e gordas... Simplesmente mulheres.
Mulheres para todos os olhares.
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Quanto aos homens, plagio famoso cantor que no
refrão de um dos seus sucessos categoricamente frizava “É120 saia pra 40
paletó, isto é que é forró, isto é que é forró”, já dizia Elino Julião (de
saudosa memória). O cognome “A Terra do Chitão” teve origem com o paroara
Pergentino Aguiar que retornou de Belém do Pará no início do século XX, bem
afortunado, e construiu uma vila de casarões, localizada atualmente no
quadrilátero que abriga o Educandário Nossa Senhora do Carmo até a Casa da
Cultura – Ponto de Cultura. E, em um dos seus solares construído em 1911, que
atualmente sedia a Biblioteca Municipal, foi fundado em 1912 o Clube Iracema,
que durante 30 anos (1912 a 1946) realizava animadas festas dançantes e grandes
banquetes em homenagem aos sócios e seletos visitantes ilustres, muito
contribuindo para uma segregação sócio-econômica e racial. Em 1947 com a
desativação do Clube Ircema – único local de entretenimento e lazer da elite
dominante (brancos e ricos), e palco das grandes festas de chitão, dando
continuidade, foi fundado o Centro Social Massapense, que também sugeria glamour, sofisticação
e badalação, ou seja, substantivos que denotavam status social elevado,
que só a elite podia ostentar. O
mencionado clube fundado dia 15 de dezembro de 1960 e instalado em 21 de
janeiro de 1962, já tinha suas origens bem antes deste período, pois, é, na
verdade, uma continuação do antigo Clube Iracema. Foi nele que se deu a
realização do primeiro chitão de Massapê. Ressalte-se que Massapê foi a
primeira cidade do nordeste a fazer este tipo de festa, Osvaldo Aguiar em seu
livro “Massape em Foco” afirma que o chitão foi criado no Pará. Segundo ele,
"essa festa, apesar de tradicional, não é originária de Massapê, como
erroneamente se pensa. Serviu-lhe de modelo, festa idêntica, efetuada no ano de
1930, nos salões de elegante clube da metrópole paraense”.
Em 2011 o clube realizou a sua 78ª edição do
tradicional “Chitão de Salão”. O dinheiro trazido pelo pai de Osvaldo Aguiar, o
seringalista Pergentino Aguiar, que retornou da expedição de extração da
matéria-prima no segundo ciclo da borracha na Amazônia, movimentou também, de
forma bastante intensa, a balança comercial do nosso município, tanto é que, na
época, foram erguidos muitos edifícios com o que havia de mais luxuoso. Boa
parte dessas edificações, algumas, inclusive, em estilo colonial, fruto da riqueza
dos Paroaras, ainda resiste ao tempo, mesmo que de forma precária. Concomitantemente, em 1948 Expedito Ferreira (*22/12/1922 +01/07/2008),
pai do Ferreirinha, fundou o “Chitão dos Pobres de Massapê”, partindo do
princípio de que já existia o “Chitão dos Ricos”, é essa a origem do pejorativo
nome. Adotado desde 2013 pela Prefeitura de Massapê, dia 05 de julho de 2014,
transcorreu a 66ª edição do Chitão dos Pobres, ininterrupta (herança cultural
herdada de pai para filho). E, diante de um minguado público, o Chitão dos
Pobres arrecadou quase 300 quilos de alimentos não perecíveis, que serão
convertidos em cestas básicas e doados às famílias carentes. Não arrecadou
mais, visto que, por volta de 01h da madrugada esgotou o produto alimentício no
posto de venda montado estrategicamente no local do evento. A exemplo do Chitão
dos Pobres, que tal cobrar 2 quilos de alimentos nos três dias do tradicional
Chitão de Massapê? Em prol de uma causa justa, nobre e humanitária, toneladas
de alimentos seriam arrecadadas e muitas famílias carentes beneficiadas. Dia 25
de abril de 1948, foi fundado o Clube Social e Artístico dos Operários de
Massapê, tendo como primeiro presidente Assis Joalheiro (avô materno do
Ferreirinha), que, como o próprio o nome diz, destinava-se à classe operária.
No embrião do século XXI os gestores públicos massapeenses criaram o “Chitão de
Rua” com infraestrutura de palco, som, iluminação e atrações artísticas.
Parabéns ao prefeito Antonio José, que, não mediu esforços e, numa demonstração
jamais vista de comprometimento com esta manifestação popular cultural,
realizou com sucesso absoluto, mais uma edição histórica do Chitão de Massapê.
Pena que no repertório se ouviu muito pouco o autêntico forró que caracteriza o
tradicional Chitão. Fazer o quê? Tradição não morre, se renova. São por esses
motivos que Massapê é conhecida por “A Terra do Chitão”.
Ferreirinha é historiador e assessor técnico da
secretaria de Cultura, Juventude, Desporto e Lazer de Massapê.
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