9 de junho de 2014

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Desde o início da cristandade a magia branca era reputada como benéfica, enquanto que a magia negra era considerada maléfica, mas as duas eram condenadas igualmente pela Igreja Católica Apostólica Romana, como até os dias atuais as são. Os políticos brasileiros por meio de “despachos” (formais ou informais) são verdadeiros clarividentes, que, com um arco-íris de magias branca, negra, vermelha, azul, amarela, etc. articulam seus conchavos, costuras e acordos políticos com tão grande margem de acerto e precisão admirável. O atual presidente da Assembléia Legislativa do Ceará – deputado estadual Zezinho Albuquerque (sexto mandato), era o político mais indicado para assumir a presidência da AL em 2011, sendo substituído de última hora pelo recém eleito deputado Roberto Claudio, atual prefeito de Fortaleza – apadrinhado pelo governador Cid Gomes (PROS). Naquele exato momento, o ilustre massapeense Zezim Albuquerque como carinhosamente assim o é conhecido, era a carta da manga que Cid tinha – a bola da vez, ou melhor, a Pedra 90 do PROS. Em outras palavras, o político massapeense que tem credencial e que não gosta de bajulação de gente de saco e corda, foi poupado para ser o futuro candidato ao governo do Ceará nas eleições de 2014. Não a toa, que neste interregno, o governador o levava a tiracolo, por ocasião das inaugurações de obras no interior cearense. Final do mês abril comentou-se nos bastidores políticos que a presidente Dilma (PT) propôs ao governador Cid, o senador Eunicio Oliveira (PMDB) como cabeça de chapa para concorrer às eleições 2014 no Ceará; que, em contrapartida, cederia a vaga de vice-governador e apoiaria a de senador. Somos sabedores que Eunício e Zezinho são dois bicudos e, como tal, não se beijam, cuja rivalidade política beira ao extremo da natureza humana, inclusive, desvirtuando o relacionamento interpessoal entre ambos. O governador cearense num gesto bravo e heróico, não aceitou o suposto acordo e manteve de pé, o seu candidato natural outrora indicado, mesmo com baixo índice de aceitação, segundo pesquisas. A mídia local cogitou alternativas situacionistas, tais como, Izolda Cela (ex-secretária estadual de Educação e primeira dama de Sobral) e Leônidas Cristino (ex-ministro dos Portos), ambos, também de extrema confiança do governador Cid. Profetizar é predizer o futuro. Longe das confirmações nostradâmicas, apostei com alguns amigos, desde o dia que Zezinho Albuquerque foi substituído por Roberto Claudio para concorrer â presidência da AL em 2011, que, naquele momento, Cid Gomes estaria lançando (indiretamente), seu pupilo massapeense, para disputar as eleições ao governo do Ceará em 2014. Em 2012 Cid indicou e elegeu Roberto Claudio para prefeito da capital alencarina, que no início da campanha eleitoral obtinha irrisórios 2% de intenções de votos; depois indicou Zezinho Albuquerque à presidência da AL (eleito pelos seus pares por unanimidade), para que este, uma vez em evidência, ganhasse projeção e maior notoriedade. Dito e feito. Se ele (Zezim Albuquerque) será eleito ou não, isto será outra questão, pois só as urnas eleitorais dirão. Como um destemido Napoleão Bonaparte, que jamais recuava sua valente tropa em combate lá no período medieval-renascentista, aqui, no mundo contemporâneo, Cid Gomes (de formação político-maquiavélica) poderá até entregar o Governo do Estado ao seu opositor, qualquer que seja ele; não de mão beijada (acovardada), mas dignamente, evidentemente que, depois de esgotadas todas suas forças políticas, custe o que custar. E, na certeza que vossa excelência, o governador, não borraria a cueca e cumpriria a vontade pessoal de tratar na engorda seu leitão (crescido), cevado em chiqueiro, que orgulhosamente também é todo nosso, foi então que esse encorajado episódio político cearense, me fez lembrar os poderes de predição do francês Michael Nostradamus (* 14.12.1503 + 02.07.1566), daí justificadamente o título dessa crônica; ocasião que o profeta provençal foi convidado por um senhor da cidade de Florinville para visitá-lo em seu castelo. Esse homem rico e cético estava muito impressionado sobre o que se dizia dos poderes sobrenaturais do seu hóspede. Tendo em mente pô-lo à prova, o anfitrião mostrou-lhe dois leitões, um branco e outro preto, e perguntou a Nostradamus qual dos dois seria servido a eles no jantar. Categoricamente Nostradamus respondeu que comeriam o leitão preto e que um lobo comeria o leitão branco. O senhor de Florinville ordenou ao seu cozinheiro que matasse o leitão branco para servir à refeição, contrariando a afirmativa de Nostradamus. O cozinheiro fez o que seu senhor tinha mandado. Morto o leitão branco, colocou-o no espeto para assar. Saiu para cuidar de outra coisa e então surgiu um lobo e abocanhando o leitão branco, fugiu com este para o meio da floresta. Imediatamente, o cozinheiro, que ignorava o que se passara entre o seu patrão e o ilustre visitante, pegou o leitão preto e o matou para servi-lo ao jantar, tomando cuidado para que esse também não fosse roubado pelos lobos. À mesa, diante do leitão assado e da informação do dono da casa de que iam comer o leitão branco, Nostradamus retrucou garantindo que não: - “o leitão que estava na mesa era o preto; o branco, um lobo comeu”, afirmou convicto. Chamado, o cozinheiro contou o que havia acontecido com o leitão branco, deixando maravilhado o senhor de Florinville, que se encarregou pessoalmente de espalhar o caso, que acabou por se tornar conhecido em toda a França, proporcionando mais fama e credibilidade ao maior profeta de todos os tempos. É por isso que eu reafirmo que os políticos brasileiros, são, por excelência, dotados de clarividências. Enquanto eu, na qualidade de um modesto analista político, há um bom tempo assava o leitão preto em fogo brando, para servi-lo no momento oportuno.
Do livro: Crônicas Alegres & Algo Mais – autor: Ferreirinha de Massapê.

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