Terça-feira, 05 de
maio, por volta das 16h30min embarquei no micro-ônibus da COOTMAM –
Cooperativa de Transporte dos Motoristas Autônomos no trajeto
Sobral-Massapê, me acomodando na última poltrona, ocasião que tão
logo o motorista deu a partida do veículo, a cobradora gentilmente
passou recolhendo a 2ª via das passagens. Na poltrona à minha
frente, acomodado estava, um rapaz aparentemente alcoolizado, ainda
que um trabalhador autônomo, naquele momento travestido de
vagabundo, na acepção mais ampla do termo, que, uma vez abordado,
disse que comprou a passagem, mas que perdeu, de forma que a
simpática funcionária, pacientemente aguardou o folgado passageiro
procurar o que não tinha. De prontidão ela preencheu e emitiu um
novo bilhete, e o “dono da verdade” disse-lhe que não iria pagar
duas vezes. Só foi a cobradora se dirigir para a porta de entrada do
veículo, o homem, deveras, embravecido, quiçá, com o capeta nos
couros, começou xingar meio mundo em alto e bom tom de voz,
inclusive, à todo instante pronunciando expressões de baixo calão,
desrespeitando senhoras, senhoritas e crianças que estavam bem
próximas. O bebim valentão abria a janela do ônibus, de
modo que entrava respingos de água (chovia bastante) incomodando o
passageiro detrás, que pediu delicadamente reiteradas vezes para que
ele fechasse a janela, em vão. Foi quando um destemido passageiro
que se posicionava mais a frente, comprou a briga e tomou satisfação
com o encrenqueiro. Pra quê! O velho leão rugidor, já sem juba,
que mais parecia um cachorro vira-lata, daqueles que late, mas não
morde, vasculhou sua mochila, e de posse de uma tesoura pequena,
entrelaçou-a nos dedos, e improvisando um “soco inglês”, se
sentiu o cara, o dono do mundo, fazendo gestos ameaçadores. O ignaro
se sentia na casa da Mãe Joana, pois que, não passava de um
estranho no ninho, um peixe fora d’água. De sorte que, o
arruaceiro tranca rua, solicitou uma parada no distrito Mumbaba de
Baixo, descendo do ônibus livremente. Fosse um cidadão de bem, um
trabalhador desempregado, tão logo abordado sem a respectiva
passagem, seria imediatamente “convidado” a descer do transporte
coletivo, que, se resistisse, daria até caso de polícia.
Coniventes, cobradora e motorista não realizaram nenhum
procedimento, simplesmente ignorando o não tão grave incidente
(felizmente), que incomodava a todos. Sem falar na péssima qualidade
dos serviços prestados pela COOTMAM aos massapeenses, que dependem
dela no dia-a-dia, com denúncias contumazes, longe de atingir os
padrões mínimos de satisfação do usuário, notadamente pela falta
de ônibus nos horários de pique e desorganização com falta de
fila para embarque dos passageiros, causando um afronta, com total
desrespeito à dignidade humana. Quanto ao forasteiro andarilho, que
segundo um passageiro, disse-me que não é a primeira vez que ele
apronta, dizia morar nesta “merda” (se referindo a Massapê),
pelo fato de ter uma amante naquele aprazível distrito, me fazia
crer ser artista plástico, artesão ou algo do gênero, pois,
portava farto material de pulseiras, brincos e bijuterias, inclusive,
se vestindo à caráter como manda o figurino, com o corpo
completamente tatuado e pincings por toda a face, típico de
um ripie contemporâneo (sem nenhuma discriminação), provou
por a + b, que vagabundo tem passe livre na COOTMAM.
Ferreirinha de Massapê
é também artista plástico, escritor e historiador.
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