Na vitoriosa e
esplêndida campanha eleitoral de 1988 para prefeito de Massapê, com parcos
recursos financeiros, Jacques Albuquerque esbanjava impressionante vigor físico
e bastante entusiasmo. E haja fôlego. É que o líder político massapeense,
quiçá, no intuito de pagar promessa religiosa, haja vista, de profunda formação
católica, pois que, dizem à boca miúda que o homem já releu a Bíblia Sagrada por
várias vezes; ou ainda, para testar a fidelidade do seu fanático eleitorado,
promovia passeatas em ritmo acelerado (pasmem!) ao meio dia – horário um tanto
quanto não conveniente, notadamente para os eleitores idosos. A cidade
efervescia como um caldeirão em ebulição. Vistas do alto, as ruas de Massapê,
mais pareciam copas das frondosas árvores de uma floresta tropical, povoada por
um bando de passarinhos, pedigree Cabeça-de-Fita
– ave símbolo e mascote oficial da campanha eleitoral oposicionista. E, diante
daquele sol causticante e temperatura elevada beirando os 40º, a histórica
passeata seguia adiante, com a Comissão de Frente se fazendo representar pela
ala da Velha Guarda – fiel escudeira do carismático político, composta por eternos
“cabos eleitorais” dentre os quais: De Assis Machado, Dedé Pompilho, Zé Pinto,
Lau, Gerardo Gatim, Negão Clementino, Chico da Santa, etc., todos capitaneados
pelo coordenador político da campanha e homem de extrema confiança, o então
vereador José Mendes Sobrinho, popular Zé Leão (1974/1976 e 1982/1988). Percorrida
a metade do percurso estabelecido, Jaques Albuquerque, como um bom pastor (antevendo
uma passagem bíblica), sentiu falta de uma das suas ovelhas, aquela ovelha
desgarrada, que ficou para trás. Era o seu amigo Zé Leão, de avantajado porte
físico (por amar demasiadamente a boa mesa), que, com problema de pressão
arterial, diante daquele calor infernal passou por mal súbito e não agüentou o exaustivo
pique. Então, sob as ordens do ilustre e respeitado comandante, a passeata foi
paralisada por alguns minutos, e um silêncio absoluto pairou no ar. Eis, a
seguir, o teor do assunto, vazado nos seguintes termos:
- Zé!!!...
O que foi que aconteceu, Zé??? –
indagou Jacques Albuquerque.
- Num
foi... nada... não, Jacques – respondeu com a voz embargada, Zé Leão, que,
àquela altura recebia apoio dos demais companheiros, sendo socorrido com abanos
improvisados, inclusive, providenciado um copo com água. E, minutos após,
restabelecido do baita susto, Jacques Albuquerque tentou jogar um balde de água
fria, como injeção de ânimo, naquele pequeno incidente, provocando:
- Num
seja frouxo, home!!! Zé, ô
Zé??? Tu és um leão ou uma gazela???
Foi a gota d’água – o suficiente para o
nosso saudoso Zé Leão (*13.11.1935 +14.01.2011),
numa demonstração jamais vista de cumplicidade e fidelidade canina, honrar o
próprio nome, que, regredindo aos instintos mais primitivos da natureza humana,
como um animal acuado defendendo e demarcando seu território, imitando o felino
conhecido como o “Rei da Selva”, bateu com as patas, ou melhor, com os pés no
chão, ciscou, levantou poeira, estufou o peito, empinou a juba, ou melhor, o
nariz, respirou fundo, urrou que nem o feroz animal e saiu em disparada
carreira. Pega e não pega, pega e não pega, pega e não pega. Como que pega?
Do livro: Histórias & Causos com
Casos & Estórias de Massapê - Autor: Ferreirinha.
FERREIRINHA, VOCÊ É UM GRANDE CONSAGRADO EM RELATAR HISTÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA. O BLOG DO ALDENIS FERNANDES ALÉM DE SER MUITO BOM MESMO, GANHOU MAIS NOTORIEDADE COM AS SUAS CRÔNICAS.
ResponderExcluirPARABÉNS!