Por duas
vezes prefeito de Massapê (1967-1971 e 1973-1976), Chico Lopes ganhou da vã
filosofia popular a patente genérica de “coronel”. Durante a campanha eleitoral
de 1971 para prefeito de Massapê, “coronel” Chico Lopes foi fazer um comício no
distrito Tuina, outrora conhecido por “Remédio” (alusão à sua padroeira – Nossa
Senhora dos Remédios), distante cerca de nove quilômetros da sede, e ao descer
do seu carro para se dirigir ao palanque - montado a partir da carroceria de um
caminhão Chevrolet “Cara de Sapo” da família Machado, de tão bêbado que estava,
tropeçou e caiu com o rosto no chão. E ao recobrar a consciência (como que
recobra?), depois de levar uns tapinhas na face do seu ajudante de ordens José
Deusdete dos Santos - vulgo Bacabal, o político levantou-se imediatamente,
sacudiu a poeira do paletó, fingiu que nada de mais havia acontecido, subiu ao
improvisado palanque e começou assim o seu célebre e memorável discurso:
- “Meus
caros hic... amigos, conterrâneos do Remédio, eu não caí, portanto, não preciso
de Remédio, hic... mas preciso do povo do Remédio, para me eleger prefeito de
Massapê! O que aconteceu foi, hic... que antes mesmo de subir neste palanque, e
pronunciar qualquer palavra hic..., fiz questão absoluta de humildemente beijar
o solo dessa maravilhosa terra que eu tanto amo, hic... abençoada por Deus”. O
político, demasiadamente aplaudido naquela noite festiva, mal conseguiu
terminar o seu discurso, foi ovacionado e carregado em triunfo por meia dúzia
de puxa-saquistas, pelas principais ruas daquele simpático distrito. E
precisava mesmo, porque Coronel Chico Lopes mal conseguia ficar de pé, imagine
caminhar no meio da multidão, face às excessivas doses etílicas consumidas. Se
assim o fizesse novamente, com certeza seria tiro & queda: bufo, no chão. E
depois do histórico comício, muita cachaça rolou solta para os seus
correligionários, enquanto o nobre e saudoso político, cognominado “O Pai da
Pobreza”, apreciava seu bom uísque, fato esse incontestável, conforme flagrante
em preto e branco de um retratista anônimo. E, uma vez recuperado do baita
susto, Chico Lopes fez questão de dar um abraço coletivo em todos ali
presentes, e de viva voz balbuciou:
- Quem é
rei, hic... Nunca perde a majestade!...
Foi quando
seu capanga, ou melhor, o ajudante de ordens Bacabal, emendou:
- E quem é
coronel, nunca perde a patente.
O povo
assistindo ao memorável comício no Remédio
Fonte
fotográfica: Dona Izabel Aguiar.
Do livro: Coronel Chico Lopes – Vida & Obra.
Autor: Ferreirinha.
gostei muito dessa matéria, que conta de alguns acontecimentos da meu querido distrito. Nas imagens pude constatar a foto de um parente meu que está bem idoso. E queria saber como o ferrerinha conseguiu essa imagem, achava que a historia de Remédio estava perdida no tempo, não sei nem o porquê se chama Tuína? Desejaria descobrir mais sobre o meu querido distrito, É mas o que posso fazer? Se a historia de tuína é esquecida no tempo, imagine os cuidados que os políticos tem com esse pacato lugar!
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