A Igreja
Católica Apostólica Romana concita seus fiéis para que façam sinais de
penitência na Semana Santa, em respeito e veneração pela morte de Jesus Cristo
– O salvador da humanidade. De modo que, convida os cristãos católicos para a
prática do jejum, senão, da abstinência da carne, pelo menos na Sexta-feira
Santa. É bem verdade, que em tempos idos, não comer carne vermelha foi prática
constante por toda a Quaresma. Mas passar 40 dias sem comer carne vermelha, era
sacrifício demasiado, diferentemente de Jesus, que passou uma quarentena no
deserto, em jejum absoluto. Então, reduziram a gula para os três dias que
antecedem à Sexta-feira Santa. Mesmo assim acharam muito e decidiram reduzir
para um dia apenas: jejum, só na Sexta-feira Santa e ponto final. Mas passar o
dia inteiro disciplinando o comer, seria muita penitência. Foi quando alguém
disse que poderia sim, se alimentar, desde que, não fosse de carne vermelha. De
tal modo que a sociedade moderna convencionou que os fiéis católicos se
alimentassem de carne branca – especificamente o peixe. Se não se deve comer
carne vermelha, então por que não comer frango? O bípede emplumado é carne
branca, assim como o suíno também o é. Dizem, à boca miúda, que não se deve
comer carne vermelha na Sexta-feira Santa, e sim, peixe, como se peixe fosse um
vegetal ou coisa do gênero. Peixe também é carne. Então, por que comer peixe na
Semana Santa? Sou cético por natureza e penso que tudo isso não passa de mera
simbologia, associada ao comércio desfreado. A mim me parece, que o pior ainda está
por vir. A Sociedade Protetora dos Animais, e tantas outras associações similares,
exemplo a UIPA – União Internacional Protetora dos Animais fundada em 1895, bem
como, as autoridades sanitárias competentes, coadunam com critérios técnicos
para abate dos animais destinados ao consumo humano. Isto significa dar
garantias legais para que esses animais sofram o mínimo possível ao serem
sacrificados. Vocês já imaginaram, que, com o peixe não acontece o mesmo? Eles,
os peixes, morrem de duas formas, cruéis e brutais: a primeira, na pesca
industrial e comercial com embarcações em alto mar, que ao serem pescados, imediatamente
são acondicionados em grandes câmaras frigoríficas, com temperatura constante
abaixo de 0º, portanto, morrem de hipotermia; a segunda, na pesca artesanal, aquela
de subsistência, ocasião que o aquático falece por asfixia. Nos dois casos, as
mortes são lentas e agonizantes. E alguém ainda tem a insensatez de dizer que:
“sim, é aconselhável comer peixe na Semana Santa”. Macacos, ou melhor, peixes
me mordam.
Ferreirinha
é cronista e escritor - Semana Santa 2013.
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