Em
1986, radicado em São Paulo, fui classificado no vestibular para a disciplina
de Direito pela FMU-SP – Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo, ocasião
que proporcionei aos meus pais (Expedito Ferreira – de saudosa memória e Adília
Joalheiro), a maior alegria do mundo. Não sabia eu, da dimensão dessa felicidade,
pelo menos até meados de dezembro de 2012, ocasião que minha filha Camila, foi
classificada nos vestibulares de Medicina (Teresina-PI) e Enfermagem (Sobral),
bem como, conquistou o 2º lugar no estado do Ceará, na avaliação anual feita
aos alunos da CNEC – Campanha Nacional das Escolas da Comunidade. Por questões
financeiras, a mais nova acadêmica foi obrigada cursar Enfermagem. Idêntica satisfação
me fez a primogênita Amanda, que em 2011 passou no vestibular para Psicologia
em São Paulo. Pois bem. Camila precisou de R$ 1.000,00 para custear matrícula e
apostilas do seu curso. E, literalmente chorando, a menina, que desde seus 15
anos de idade trabalha como modelo profissional, que já fez comercial de TV
(Jangadeiro e Diário), e que foi eleita em 2012 a musa do Carnabral, disse-me:
- pai, eu quero estudar. Doeu-me o coração - Calma, minha filha, só não tem jeito para a morte – eu a consolei.
No dia seguinte, rifei a minha única ferramenta de trabalho literário – um
velho e usado computador, pela dezena da Loteria dos Sonhos, extração do dia 15
de dezembro de 2012, (sábado), 19h30min, no valor de R& 10,00 a cartela. A
felizarda foi a minha amiga Noélia Tomaz, contemplada com o número 35, que
rogou a Deus para ser sorteada, e depois, num gesto franciscano, devolveu-me o
prêmio conquistado. A humilhante experiência, abordando pessoas amigas, me
trouxe fatos curiosos e inusitados, como por exemplos: um intrigado meu (Gessim),
que soube da rifa e colaborou; um desconhecido que no momento da minha
abordagem a um amigo, deu sua contribuição, e a consternação da maioria dos cem
colaboradores que externou a intenção de, em caso de contemplação, devolver o computador.
Entretanto, o que me fez tornar público esse fato, foram algumas decepções
dignas de serem desengasgadas: um conceituado comerciante instalado na Avenida
Senador Ozires Pontes, que me fez de bobo, deixando-me patético e estático por
longos quinze minutos, ocasião que me retirei do seu recinto; o outro,
considerado um dos maiores herdeiros genéricos de fortuna material de grande
monta de Massapê, que me fez retornar ao seu estabelecimento comercial por três
vezes, não colaborando sob a alegação que ainda não havia apurado sequer um
centavo; um amigo de longas datas, cuja alcunha nos remete a um partido político,
que nas décadas 60, 70 e inicio da 80 se notabilizou com a imposição da ditadura
militar no Brasil, que, com o bolso recheado de dinheiro, disse-me que colaboraria,
não hoje, mas amanhã, e no dia seguinte, simplesmente desistiu; outro amigo de
tenra infância – um quadrúpede ereto em processo de evolução glacial (com as
reservadas proporções), que pediu-me para ler o cabeçalho da rifa e ao ouvir “sorteia entre amigos, um computador velho e
usado...”, esbravejou, “pode riscar o
meu nome, computador velho e usado eu já tenho dois lá em casa”; um
contemporâneo, militar aposentado, que empresta seu apelido a um indispensável produto
de limpeza, quer seja nas formas líquida, em pó ou sólida, que ao ser abordado
por vária vezes, dizia com toda convicção que iria colaborar, mas não colaborou.
Não dei nomes aos bois, atendendo a um pedido da minha filha. Mas para um bom
entendedor, meia palavra, basta. Não somos obrigados a ajudar quem quer que
seja. Mas também não se deve enganar e/ou alimentar uma falsa esperança a quem tanto
precisava naquele momento; que defendia uma causa justa e nobre, e não, um meio
de vida. Como forma de gratidão, explicito os nomes dos colaboradores:
ERRO E EQUÍVOCO FIZERAM O ADMINISTRADOR DESTE BLOG EXCLUIR UM RECADO, EM ALUSÃO À MATÉRIA "RIFA-SE UM COMPUTADOR VELHO E USADO" DE AUTORIA DO COLABORADOR FERREIRINHA. POR GENTILEZA, QUEIRA O LEITOR ENVIAR NOVAMENTE A MEMSAGEM. INFELIZMENTE, ESQUECI-ME O NOME DO CIDADÃO. PEÇO-LHE MUITAS DESCULPAS.
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