Eleições de 2012 resultam em
mais partidos, menos reeleições e novos atores nas 85 maiores
cidades, em paralelo com economia fraca
Os resultados de domingo confirmaram
aquilo que já se desenhava desde o primeiro turno: são claros os
sinais de desgaste da polarização PT x PSDB, que desde 1994
organiza a disputa presidencial.
Verdade que as eleições nas
cidades sempre guardam certa distância dos embates nacionais e
costumam abrir espaço até para os menores partidos. Negociações
de âmbito local e regional tendem a prevalecer, e não raro
coalizões e oposições no plano federal terminam esquecidas, se não
invertidas, no municipal.
O pleito deste ano, além disso,
registrou aumento considerável da fragmentação política nas 85
maiores cidades do país, que elegeram candidatos de 16 partidos
- contra 11 em 2008. Consolidou, ainda, a ascensão de duas forças
capazes de exercer papel mais destacado na eleição presidencial de
2014.
A primeira é o PSB. O partido
encabeçado por Eduardo Campos, governador de Pernambuco e liderado pelo governador Cid Gomes/CE, é o que
mais cresceu desde 2008 entre as principais legendas. Venceu no maior
número de capitais (cinco) e vai administrar 11 dos 85 maiores
municípios (eram cinco em 2008).
A outra é o PSD. A agremiação
criada por Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, debutou em
eleições levando quase 500 cidades, incluindo quatro entre as 85
maiores e uma capital. O sucesso, porém, foi anuviado pela derrota
da situação na arena paulistana.
Quanto ao PT, o saldo é positivo
graças à capital paulista, única de relevância que a sigla
conquistou. A vitória de Fernando Haddad assegura ao partido uma
fatia importante do eleitorado. As derrotas em Belo Horizonte,
Recife, Fortaleza e Salvador, entretanto, são particularmente
amargas.
O PSDB, sobretudo por São Paulo,
sai das eleições menor do que entrou. Seus principais trunfos foram
no interior paulista e mineiro, além de Manaus, onde venceu Arthur
Virgílio, desafeto de Lula.
Ao lado da fragmentação, o outro
signo da eleição foi o alto índice de renovação. Das 85 maiores
cidades, a oposição saiu vencedora em 50 - um aumento de 56% em
relação a 2008.
Nas capitais, dos oito prefeitos que
concorreram à reeleição, quatro (50%) tiveram êxito; em 2008, dos
20 que tentaram, 19 se reelegeram -taxa de sucesso de 95%.
Não há de ser mera coincidência
que, em 2008, o PIB tenha crescido perto de 7% e, agora, patine em
torno de 1,5% (o crescimento médio anual de 2005 a 2008 foi de 4,6%,
contra 2,8% de 2009 a 2012).
Se são diferentes os atores e a
lógica que atuam nas eleições municipais e presidenciais, a
economia pesa tanto para as cidades quanto para o país inteiro.
Colaboração Folha Uol
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