José Maria Gonzaga
Linhares, vulgo Jacarú, funcionário público municipal aposentado, por três décadas
(60, 70 e 80) prestou zelosos serviços na limpeza pública de Massapê. Certa
vez, no exercício das suas atividades profissionais, Jacarú foi abordado por um
cidadão que a ele se dirigiu: - Ô lixeiro! Lixeiro!. O homem ficou bravo, e com
o dedo em riste, revidou: - Me respeita,
eu sou um gari. Lixeiro é o senhor que fabrica lixo. Pois bem. Francisco
Lopes de Aguiar Neto – o “coronel” Chico Lopes, patente genérica concedida pela
vã filosofia popular, trabalhava a todo vapor na sua campanha política para
ocupar a cadeira número 1 do executivo municipal pela segunda vez (1973 a
1976). O político, que também tinha a alcunha de “O Pai da Pobreza”, estava
acompanhado de um cientista político, representante de um instituto de pesquisa,
e quis provar para este, o seu carisma e força política junto aos seus
concidadãos. Chico Lopes alegava, naquele momento, que pesquisa melhor que a
feita por ele próprio, não existe. O gari, que por ali varria as ruas, foi
interpelado pelo então candidato a prefeito:
-
Jacarú! Vem aqui!
- Sim senhor, meu coroné – o gari se aproximou, fazendo
reverência com o humilde gesto de tirar o chapéu da cabeça.
- Falta exatamente
um mês para as eleições. Tu vai votar pra quem, Jacarú?
- Mas é
claro que é para o senhor.
- Eu
vou lhe dar uma surra com cipó dormido de tamarineira!!!
- Faça
isso não, coroné...
- Eu
faço!
- Faça
não...
- Jacarú,
tu duvida?
-
Duvido não, coroné. Pois faça!
- Eu vou fazer. Mas
antes me responda com toda sinceridade. No dia da eleição tu vai votar mesmo
pra quem???
- Eu já
disse. Vou votar no meu coroné.
- Mas eu
vou lhe dar uma surra com cipó dormido de tamarineira!!!
- Não tem
problema. O meu voto é do senhor.
- Mesmo eu lhe dando
uma surra com cipó dormido de tamarineira???
- O
senhor pode dar é dez, mas o meu voto é do coroné.
O cientista
político, deveras, impressionado diante daquela cena um tanto quanto inusitada,
reconheceu que pesquisa melhor que aquela não haveria de ter, e voltou para a
capital cearense com um exemplo de prova de fidelidade canina. Pena que não
presenciou outra cena mais inusitada ainda: no dia seguinte, o gari Jacarú, ao
invés de portar seu instrumento de ofício (a vassoura), andava pelas ruas de
Massapê à procura do seu candidato a prefeito, com um cipó dormido de
tamarineira, providenciado por ele próprio.
Governador César Cals ciceroneado por Chico Lopes |
Do livro: Estórias
& Casos com Causos & Histórias de Massapê – autor: Ferreirinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário