2034: ENFIM, CRIADOR & CRIATURA
Por ocasião da restauração de uma escultura agregada à uma árvore viva simbolizando a imagem de Nossa Senhora de Fátima no santuário homônimo, ao lado da CE 362, mais precisamente às margens do rio Contendas em Massapê, iniciada dia 20 de abril de 2011, por mim e Chico da Santa, nós dois em pleno labor, numa conversa informal, deu início um diálogo vazado nos seguintes termos:
- Chico pára de se lastimar. Tu reclamas mais que trabalha. É dor aqui, é dor ali, é dor acolá. Hoje, com oitenta anos de vida e com sérios problemas de saúde (diabetes com aplicação diária de insulina), tu realmente acredita que irá morrer aos 114 anos?
- É claro, “machovei”. Acredito com toda convicção. No dia 21 de setembro de 1987, quando eu completei 57 anos de idade (nos documentos dia 27), o meu anjo da guarda Ariel disse-me, em uma aparição, que eu iria viver o dobro da minha idade, ou seja, morrerei somente no ano 2034 com 114 anos.
- E tu ficou frente a frente com esse tal anjo Ariel?
- Não, eu não vi o anjo. Eu estava deitado na minha rede, acordado é claro, e eu ouvi apenas a sua felpuda e compassada voz: - “Chico da Santa, tu morrerás ao dobro da tua idade”.
- A sensação deve ser muito estranha. Chico tu já parou pra pensar, quando completar 114 anos de idade e ficar na expectativa de à qualquer momento morrer???
- Já. Só que eu tenho 365 dias do ano 2034 pela frente...
- E se o teu anjo Ariel decidir te levar somente no último dia? Que agonia, saber que vai morrer naquele exato dia!
- Mas aí é se conformar, pois, eu já teria vivido muitos anos...
- Não fale besteira, “home”, o sentido maior da vida é não sabermos o dia da nossa partida. Se soubéssemos, não teria graça viver. Quão felicidade teria o ser humano, saber que em dias contados (contagem regressiva), se aproxima o momento da sua morte?
- Quem viveu verás a confirmação da profecia. Eu acredito e não posso fazer nada, foi o meu anjo Ariel que quis assim.
- Chico e quanto ao funeral, como vai ser?
- Contrariando a vontade da minha ex-esposa e dos meus dois filhos, que querem que o funeral seja realizado em Fortaleza, eu quero que o meu corpo seja enterrado aqui no cemitério dos Machados, em Massapê, na terra que eu nasci e vivi. Agora, morto não tem querer, tem?
- E a sentinela? Vai ter e aonde?
- Funeral sem sentinela não tem graça, ou melhor, não tem sentido. A sentinela não pode faltar. E você, Ferreirinha, se vivo for, será o meu mestre de cerimonial funerário. Olhando bem para esse santuário, eu fico a imaginar o meu caixão exposto em cima desse altar, com velas acessas por todos os lados, e a arquibancada desse anfiteatro lotada de parentes, amigos e de muitas “cutruvias”, todos, jogando conversa fora noite adentro, uns “pitando um cigarrim”, outros “biritando um traguim”, enquanto eu, pobre mortal ali eternamente deitado em berço esplêndido, ao lado da minha maior e valiosa obra artística – A Santinha, simbolizando a imagem de Nossa Senhora de Fátima, que eu a esculpi em 1986.
E eu emendei:
- Enfim, é o Criador diante da Criatura: o Chico da Santa & a Santa do Chico.
Ferreirinha, no dia de N. S. de Fátima, 2011.
OBS.: Enviada ao blog via e-mail, e solicitada pelo autor para ser publicada neste espaço.
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