24/02 - A
anuência dos Ferreira Gomes à aliança firmada entre o governador Camilo Santana
(PT) e o presidente do Congresso Nacional, Eunício Oliveira (PMDB), não é mais
um entrave para consolidar a união. Ontem, entre gracejos e afagos, o prefeito
de Sobral, Ivo Gomes (PDT), admitiu que houve pacificação na relação com o
senador emedebista, demonstrando que já aceita a aliança. Eunício também teceu
elogios à gestão do ex-adversário Cid Gomes, durante liberação de pacote de
recursos federais na manhã de ontem no Palácio da Abolição.
Com
forte conotação política, o evento reuniu vereadores, deputados e
ex-adversários. Foi a primeira vez que um dos Ferreira Gomes apareceu ao lado
de Eunício após o senador romper com o grupo, em 2014, às vésperas das
eleições. Ivo Gomes foi também o único do grupo a externar explicitamente, em
dezembro do ano passado, incômodo com a reaproximação de Camilo e
Eunício.
Pelo Facebook, Ivo criticou a aliança e ironizou: “Lula fazendo escola no
Ceará”, escreveu se referindo à declaração do ex-presidente que disse estar
“perdoando golpistas”. “As relações políticas são como relações pessoais. Você
constrói e, no caminho, vai limpando os mal-entendidos, as agressões”,
justificou ontem o prefeito de Sobral. Ivo responde na Justiça processo aberto
por Eunício por calúnia e difamação.
Na última quarta, 21, Ivo se encontrou com o senador para pedir liberação de
recursos federais para Sobral. Ontem, Ivo assinou o recebimento de R$ 42
milhões para saneamento no município, após articulação de Eunício no Ministério
das Cidades. “Faz é tempo que você pediu, né? Ontem. Faz menos de 20 horas”,
brincou Eunício enquanto o prefeito assinava a liberação.Demonstrando
alinhamento ao discurso de Camilo, o presidente do Congresso defendeu atuação
do governador na gestão da segurança pública, cobrando ações federais no
enfrentamento da crise.
Eunício apontou como saídas a “integração nacional” no combate ao crime
organizado e a unificação das inteligências das forças de segurança.O
emedebista não se eximiu de elogiar a gestão de ex-governador Cid Gomes (PDT),
que poderá formar chapa com ele nas próximas eleições com vistas às duas vagas
no Senado. “Até lá atrás, quando fui parceiro do governador Cid Gomes, esse
Estado fez o dever de casa do ponto de vista fiscal”, disse.
Esta semana, o Congresso aprovou, em sessão presidida por Eunício, corte de R$
98,6 milhões de recursos federais destinados ao Ceará, incluindo R$ 18 milhões
na área da segurança. O dinheiro passaria a compor R$ 2 bilhões de auxílio da
União aos municípios em dificuldades financeiras.
Ontem, o senador disse que “nenhum recurso do Ceará será cortado” e que o que
houve foi uma “recomposição” do orçamento. “Vamos abrir janelas com esses
valores para repor e ter margem para fazer desenvolvimento e crescimento”,
disse o emedebista. O governador reiterou confiança no senador. “Há uma
garantia do próprio presidente do Congresso de que nada será cortado,
principalmente dessas áreas essenciais no orçamento de 2018”, disse.
BASTIDORES DA REAPROXIMAÇÃO CONVERSA: Ao
saudar os prefeitos presentes, o senador Eunício Oliveira destacou o nome de
Ivo Gomes a quem fez três citações ao longo de 20 minutos de discurso. No fim
do evento, Ivo e Eunício conversaram após a entrevista coletiva.
Na presença dos dois, O POVO perguntou
se a relação entre eles havia pacificado. Ivo respondeu: “O que você acha?”,
atalhando sorrisos do senador.
CRÍTICA: Durante
a fala, Eunício criticou quem pede intervenção federal no Ceará, similar à do
Rio. “Nesse momento aparecem oportunistas para dizer que o Estado precisa de
intervenção. Para quê? Nós temos um governador que tem o controle do Estado”,
disse.
ASSEMBLEIA: O
teor político dominou o evento de liberações dos recursos federais ao Estado.
Compareceram ao Abolição16 deputados estaduais de sete partidos políticos (MDB,
PDT, PP, PSD, PHS, PCdoB e PT). Toda a bancada do MDB na Casa esteve presente.
PASSADO: No
palco, Eunício disse que já o questionaram por liberar recurso “a um
determinado município” cujo “prefeito sempre foi meu adversário”. Deputado
Osmar Baquit (PSD) reagiu, ao fundo: “Foi”, provocando risos dos demais
deputados.
(O Povo)