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24 de fevereiro de 2018

REVOLUÇÃO FEMINISTA CONTRA AS DESINGUALDADES

24/02 - Mulheres se organizam em redes de apoio para ajudar umas às outras, combater a violência e o preconceito e conseguir mais respeito e oportunidades,em um vigoroso movimento que envolve famosas e anônimas e tem gerado mudanças cruciais na sociedade.

Nunca fomos tão fortes. No último ano, mulheres denunciaram publicamente homens poderosos em casos de assédios. Organizaram manifestações em diferentes países contra o feminicídio e pela manutenção e ampliação de direitos. Criaram redes de apoio para ajudar vítimas de violência doméstica, de agressões e de estupros.

Desenvolveram grupos de debate e de apoio mútuo nas redes sociais. Discutiram e condenaram o machismo, o racismo e a homofobia e trouxeram força para a nova onda de um movimento que tem mudado mentalidades, comportamentos e relações.

Diante de tamanha mobilização, “feminismo” foi escolhida a palavra de 2017 pelo dicionário americano Merriam-Webster e a busca pelo termo no Google cresceu 200% desde 2016.

“Estamos em um momento em que o feminismo se tornou a grande força de enfrentamento não só do machismo, mas que leva adiante a luta anti-racista e pelos direitos das mais diversas minorias políticas”, afirma a filósofa Marcia Tiburi, autora do recém-lançado “Feminismo em Comum” (Rosa dos Tempos).

Entre os marcos do feminismo atual estão as redes de solidariedade desenvolvidas por mulheres. A maioria de apoio para vítimas de violência. “São alternativas criadas já que as instituições tradicionais não são responsáveis o suficiente”, afirma Tiburi. As conexões se dão, em grande parte, pelas redes sociais. O Fórum Nacional de Políticas Públicas para Mulheres é um dos grupos de referência, começou como uma página no Facebook e depois migrou para o Whatsapp e hoje inclui pessoas de todo o País.

“A ideia inicial era trocar informações sobre cursos e artigos e reunir contatos”, afirma Ana Victoriano, dona da iniciativa. “Mas hoje se tornou uma comunidade de ajuda a vítimas de agressões. Não imaginei que tomaria essa proporção.” Os pedidos de ajuda chegam diariamente e, por meio da rede, os contatos são feitos para que as mulheres possam receber orientação adequada. Depois de passar meses apanhando do marido, a advogada Maíra Moura Soares Neves, 41 anos, procurou Ana em outubro de 2017 e conseguiu deixar o casamento em que era agredida constantemente e do qual se via refém.

“Em qualquer conversa, ouvia gritos de vagabunda ou recebia tapas”, diz. Moradora da cidade de Barra do Bugres, a 180km de Cuiabá (MT), era casada com um delegado e não tinha como denunciá-lo em uma delegacia. “Com certeza iam engavetar meu caso.” Maíra então usou o Facebook para pedir ajuda a Ana, que acionou conhecidas em São Paulo. Elas falaram com juristas no Mato Grosso que indicaram uma promotora em uma cidade próxima a dela.

Criaram uma corrente de ajuda”, diz. Em pouco tempo, uma denúncia foi feita contra o ex-marido de Maíra e ela se separou. A mesma promotora foi quem a ajudou a retirar seus pertences da antiga casa. Ao contar sua história, Maíra chora, respira fundo e conclui: “Eu estava de mãos atadas, mas essa rede de mulheres me salvou.”

Feminismos
O feminismo brasileiro tem características específicas como a necessidade de pensar as diferentes perspectivas envolvendo gênero e, principalmente, raça, classe e sexualidade.

É um dos debates mais atuais dentro do movimento. “Ser branca em São Paulo é diferente de ser negra e nordestina”, diz Mafoane Odara, coordenadora de projetos do Instituto Avon. Diretora executiva da Anistia Internacional e fundadora da ONG Criola, Jurema Werneck aponta que o feminismo clássico trata da mulher branca de classe média, mas há outras questões que precisam ser mais debatidas.

“O movimento ainda precisa ver como lidar com a maioria das mulheres, e isso inclui negras, trans, entre outros grupos”, afirma. Ela complementa: “Não digo que as pautas não ressoem, nem estou negligenciando reivindicações, mas é preciso retornar aos princípios do próprio feminismo de igualdade e justiça e ter olhar mais amplo.”

 Isto É 
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