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24 de novembro de 2012

O CHEIRO DO QUEIJO

De domínio público, a estória de um rei que reinava mas não governava sua terra natal – uma pequena província imperial bem distante. Via de regra, vossa majestade mantinha o poder dominante do seu povo, que desde sempre pagava seus impostos em dia. Por décadas, o rei que reinava mas não governava, sempre indicava, alternando seus príncipes na linha sucessória, para governarem por longo tempo, evidentemente com o apoio de outro poderoso rei – O Rei dos Reis, que vivia no seu pomposo palácio bem distante dali, mas que mantinha à cabresto, o controle monárquico de todos os reis daquela região, e que em triste sina, baldes chorou, pois que, infelizmente, um certo dia ele foi deposto. Mais que deposto, foi banido da vida pública. Mas como diz um velho adágio popular: Quem é rei nunca perde a majestade. Convocada nova eleição naquele pequeno reinado, o poder situacionista uniu forças para, desta feita, até que enfim, manter no poder o seu tão respeitado e admirado rei, que até então reinava mas não governava. A quatro paredes foi marcada uma reunião com a cúpula dos Conselheiros da Nobreza Real no Palácio Provinciano, para a indicação natural, aguardada ansiosamente pela classe plebéia, daquele que seria o próximo sucessor, o próprio rei. Foi quando o rei que teimava em reinar mas não queria governar, disse em alto e bom tom de voz, a histórica e suicida frase: - “Diga ao povo que não!” Às pressas, lançaram para compor aquela rejeitada chapa, em tempo hábil, dois humildes plebeus que surgiram repentinamente “do povo, para o povo”. Quão ingênuos seriam eles àquela altura, para dizer a verdade, dois bodes expiatórios, que, na utopia de Alice no Pais das Maravilhas, mergulharam fundo naquela disputada campanha, de corpo e alma, crentes que sufragariam vitoriosos, com os parcos recursos conquistados, quiçá, também retirados do próprio bolso. Não imaginavam os jovens e bem intencionados aspirantes, que aquele Rei dos Reis que há algum tempo foi deposto, perdeu o trono para outro Rei dos Reis bem mais audacioso e ambicioso, que pessoalmente indicou um elegante príncipe e uma bela princesa escolhidos a dedo, para, juntos, concorrerem e conquistarem definitivamente, o tão almejado trono de ouro. Em questão de tempo, se tornarão rei e rainha. Acontece que, aquele rei situacionista, que reinava mas não governava, conhecia o poder de fogo do forte inimigo e sabia muito bem desse divisor de águas a seu desfavor, daí, não ter tido a coragem suficiente para enfrentá-lo no campo de batalha, frente a frente, se acovardando e saindo pela tangente, de forma sábia e triunfal, pois, dada a sua larga e comprovada  experiência, antevia com os seus botões, uma amarga e histórica derrota, nunca vista naquele reinado. E deu no que deu. O povo escolheu para reinar aquele longínquo reino onde o Judas perdeu as botas, situado na cápsula do tempo como “A Idade da Pedra”, dois jovens Mensageiros do Apocalipse, inspirados com “a força do novo tempo”. Quanto àquele reizinho, que não é rei morto, muito menos rei deposto;  que certa feita no afã e clamor do seu discurso em praça pública, perdeu as estribeiras, ou melhor, o decoro monárquico; que sempre reinou mas nunca governou e não haverá mais de reinar, muito menos governar; que fugiu, saindo de cena para não cavar sua própria sepultura, e que fez homens probos e de bem se equipararem a ratos de porão, me fez lembrar, nos dias atuais, de conhecida frase comumente dita no jargão policial, quando a indefesa vítima é levada ao sacrifício pelo seu algoz, despistadamente para “O Cheiro do Queijo”.   Do livro: Estórias & Casos com Causos & Histórias de Massapê – autor: Ferreirinha.
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